Veículos antigos com Placa Preta (Entenda como funciona)

Saiba mais sobre a placa preta, entenda quais carros podem utilizá-la e veja se vale a pena fazer a alteração.

Provavelmente você já passou por algum carro com placa preta e, em algum momento, se perguntou o que a placa diferente significa, afinal, faz cerca de 20 anos que carros com placas pretas circulam pelas ruas do país.

Buscando a resposta no Google ou perguntando para alguém, você, certamente, descobriu que se trata de um tipo de placa que só pode ser utilizada por carros antigos.

O que muita gente não sabe é que não é qualquer carro antigo que pode utilizar a placa preta. É necessário que o veículo esteja em perfeitas condições e com suas características originais preservadas, razão pela qual você não vê carros com placas pretas todos os dias.

Quem tem um carro com placa preta tem um posicionamento de status entre os colecionadores e o veículo passa a ser muito mais valorizado dentro deste nicho de mercado, valendo, diversas vezes (mas nem sempre), muito mais do que um carro de última geração.

Placa preta quase foi extinta

Apesar da sua relevância entre os amantes de carros antigos e colecionadores, a placa preta quase foi abolida enquanto eram estudadas as formas de aplicação do padrão de placas Mercosul.

Desde fevereiro de 2020, para sobreviver, a placa que sinaliza veículos de coleção passou a ser branca, com letras prateadas, muito parecidas com todas as outras placas de veículos, o que confundiu bastante gente e causou considerável frustração entre os proprietários dessas joias raras das estradas – o que não impediu de que permanecesse dessa forma por mais de um ano.

Em dezembro de 2021, após muita desilusão por parte dos colecionadores, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) determinou a volta da placa preta, atualizada e  enquadrada nas regras estabelecidas pelo padrão Mercosul, mas os emplacamentos com a placa preta (de verdade), só foram liberados no dia 1º de junho de 2022, seis meses depois da publicação no Diário Oficial da União.

O novo padrão da placa preta possui quatro letras e três números, gravados na cor branca, com uma tarja azul na parte superior.

Por hora, os carros brasileiros não podem circular fora do país, mas, em breve, devem poder circular em todos os países membros do Mercosul.

O que um carro precisa para ter placa preta?

Agora que você já entendeu o que significa o carro ter placa preta, falta apenas compreender o que um carro precisa para ter placa preta.

Antes de tudo, como você já compreendeu, é preciso que se trate de um carro de colecionador, ou seja, os modelos que são novos ou seminovos, ainda não se enquadram nesta categoria.

Para ser considerado carro de coleção, segundo lei do Contran, criada em 1998, é preciso que o veículo tenha mais de 30 anos de fabricação, ou seja, apenas carros muito antigos  podem utilizá-la.

Há carros muito conhecidos e que circulam nas ruas, como a Brasília e o Fusca, que não são modelos de coleção, mas há outros da mesma marca, modelo e ano, que são considerados raros e fazem jus à placa.

Sendo assim, fica a pergunta:

Por que alguns carros antigos são considerados itens de coleção e outros não?

Bom, como dito acima, há carros de 30 anos atrás que são itens de coleção e carros ainda mais antigos que não são.

Então, se não é apenas o ano, o que mais é considerado essencial para o carro se tornar habilitado para usar a placa preta?

A resposta é: a originalidade.

De acordo com a resolução 957/2022 do Contran, o veículo precisa manter pelo menos 80% das suas “características de fabricação quanto à mecânica, carroceria, suspensão, aparência visual e estado de conservação, equipamentos de segurança, características de emissão de gases poluentes, ruído e demais itens condizentes com a tecnologia e cultura empregada à época de sua fabricação”.

Além disso, precisa ser aprovado pelos clubes credenciados ao Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), que concedem um certificado de originalidade (Certificado de Veículo de Coleção – CVCOL) com QR Code, que, segundo a resolução, tem a finalidade de “controlar o processo de expedição e verificação de sua autenticidade”.

Sendo aprovado em todos os critérios, fica garantido o direito de usar a placa preta por 5 anos.

Depois deste período, é preciso realizar uma nova avaliação para verificar se não houve nenhuma modificação no veículo e poder, assim, renovar o certificado.

O mesmo deve ser feito em caso de transferência do veículo.

Quem realizou alguma alteração de cor, rodas, tipos de pneus, escapamento, revestimento interno, ou qualquer outra, que caracterize mais de 20% de modificação, não é aprovado nessa verificação e não consegue obter a placa preta.

Critérios para concessão de Placa Preta são questionados por especialistas

Segundo alguns especialistas, como Fernando Baptista, o Batistinha, piloto e preparador, a placa preta deveria ser concedida para todos os carros com mais de 30 anos que estivessem em bom estado de conservação e que mantivessem as principais características originais, mesmo que não chegassem a 80%.

Segundo ele “Carro de coleção, hoje, só fica guardado na garagem […] A maioria das pessoas que querem usar os carros faz upgrades por questão de confiabilidade, segurança e até um pouquinho de desempenho. Nesses casos, o carro acaba perdendo a placa preta, justamente por sair da originalidade”, o que, aos seus olhos, parece injusto, já que a intenção é tornar o carro útil e seguro, apesar da idade.

Vale a pena colocar placa preta no carro?

Quem tem um carro antigo pode ficar na dúvida a respeito de colocar, ou não, a placa preta no veículo, visto que o processo pode ser um pouco complexo e depende muito dos objetivos do proprietário.

Cada Estado tem suas regras.

Em São Paulo, qualquer veículo com mais de 30 anos têm isenção de IPVA. Já em Minas Gerais, só veículos com placa preta são isentos, e para isso, é preciso obter uma certificação no IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico) e encaminhá-la à Secretaria de Estado da Fazenda.

Por que colocar placa preta?

Embora a placa preta seja conhecida como um símbolo das coleções, expor o veículo em eventos não é o único motivo para utilizá-la.

Quando as placas pretas foram criadas, por volta dos anos 2000, o objetivo principal era utilizar o valor histórico dos veículos antigos para justificar o não atendimento a algumas regras criadas pelo Novo Código de Trânsito, como por exemplo:

Carros da década de 30 ou 40 não continham cinto de segurança e, neste caso, o veículo seria impedido de circular, porém, utilizando a placa preta, recebem essa permissão, inclusive porque entende-se que não faz sentido incluir o equipamento no automóvel, já que ele não foi projetado de forma que o cinto possa garantir melhor segurança aos condutores e passageiros.

Além disso, os veículos antigos são mais poluidores do que os modelos novos, que possuem tecnologias como injeção eletrônica ou catalisador, e caso não sejam veículos de coleção, podem ser impedidos de circular em diversas cidades, como em São Paulo, por exemplo.

Placa Preta: Vale ou não vale a pena mudar?

Agora que você aprendeu mais sobre o assunto, qual é a sua opinião? No caso de um carro antigo, vale a pena conservá-lo como original, arcar com os custos mais altos para fazer isso e ter, como benefício, algumas isenções e benefícios?

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